A série Corpo Manifesto nasceu da minha vontade de expressar um questionamento a respeito da imposição estética a que estamos sujeitas, principalmente através da depilação.
Sempre odiei me depilar. Comecei com 12 anos, logo depois da minha primeira menstruação, mesma época em que o sutiã se tornou peça obrigatória. "É feio mocinha peluda". Só tive coragem de parar com a depilação dez anos depois, quando vi outras mulheres na rua com seus pelos à mostra, sem vergonha. Ter pelos não as deixava menos lindas, não as fazia menos mulheres. Ter pelos é natural. Mulheres adultas tem pelos.
"É fedido e sujo" - É só tomar banho e usar desodorante, igual qualquer pessoa. Homens não costumam se depilar e ninguém acha sujo ou feio, muito pelo contrário, ter pelos é visto como um sinal de maturidade sexual. Porque deveria ser diferente com nós, mulheres? Os pelos surgem nos nossos corpos na puberdade, junto com outras transformações que indicam que estamos nos tornando biologicamente adultas. Corpos adultos tem pelos! Isso não é nojento. Nojenta é a cultura que estabelece que o padrão de beleza feminino é ter o corpo lisinho como o de uma criança. Onde mulheres adultas e reais, com pelos, estrias e celulites são vistas como uma aberração. Onde a mulher não pode envelhecer, não pode ter rugas, barriga e cabelos brancos. Deve sempre permanecer como uma menina de 12 anos, que acabou de menstruar pela primeira vez, está assustada e obedece a qualquer mando sobre seu corpo e sua vida. Não é prioridade me encaixar num padrão estético de uma sociedade doente.
Deixar os pelos crescerem é uma escolha política, uma subversão cultural.
Meu corpo é um manifesto.