Esta série de bordados foi inspirada pelas pedaladas peladas, manifestações dos ciclistas em cidades grandes que buscam chamar atenção para a causa da mobilidade urbana ao mesmo tempo que reivindicam mais segurança para os ciclistas. Ao andarem de bicicleta pelados eles demonstram a vulnerabilidade a que estão expostos dentro das cidades.
Bordei minhas roupas íntimas para demonstrar a vulnerabilidade a que estamos expostas, tendo nossas vidas controladas pela família, pela igreja e pelo Estado. Vesti meus gritos bordados nestas peças como uma forma de chamar atenção à causa, multiplicando as palavras de ordem de manifestações e movimentos feministas.
Foram três bordados, cada um dedicado à um tema:
Feminicidio: assassinato de mulheres decorrentes de situações em que homens não aceitam sua autonomia.
O fato de uma mulher ser sua namorada, esposa, filha, mãe, irmã, cunhada, afilhada, ex-qualquer coisa, amiga, ficante, etc... não te dá o direito de decidir por sua vida.
Ou por sua morte.
A cada 2 minutos uma mulher é agredida dentro de casa no Brasil.
Três mulheres são mortas por dia vítimas de feminicidio.
(Dados de 2021)
Estupro não é sobre sexo, é sobre poder.
Minha roupa não é um convite.
A única causa de um estupro é a existência de um estuprador, que tem certeza que sairá impune pq a sociedade vai continuar achando que ele tinha direito, ou que ela merecia mesmo pq não presta.
No Brasil é registrado 1 caso de estupro a cada 8 minutos (dados de 2021)
Estima-se que essa quantidade seja absurdamente maior já que a maioria das vítimas não tem condições ou coragem de fazer a denúncia com medo de retaliações.
"Ah mas vai destruir a vida do cara por conta de uma coisinha assim?"
Sim. Ele não hesitou em destruir a vida dela por menos.
Educação sexual para decidir
Contraceptivos para não engravidar
Aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!
Vale lembrar que no Brasil o aborto é legal em 3 casos: feto anencéfalo, risco de saúde da mulher e gravidez decorrente de estupro.
É previsto em lei, mas na prática faltam profissionais que não julguem a mulher, não dificultem os procedimentos, não procurem dissuadir sua decisão e não punam com maus tratos físicos e psicológicos aquelas que resolvem levar o aborto adiante.
(Não preciso nem falar da pressão social e religiosa que existe para impedir um aborto - mesmo q seja de uma criança de 10 anos estuprada sistematicamente por seu tio, como aconteceu recentemente)
As mulheres que não conseguem abortar por vias legais recorrem a clínicas clandestinas ou técnicas caseiras correndo sérios riscos de vida.
Cerca de 1milhão de abortos clandestinos são realizados por ano no Brasil, 250 mil internações decorrentes de complicações e essa situação é a 5ª principal causa de morte materna.
Legalizar o aborto é uma questão de saúde pública.
É sobre ser pró vida
da mulher.